Dizem que não gosto de me apaixonar, isso não é verdade, o que eu não gosto
são as consequências, pois sempre me apaixono por quem não posso, é como se as
pessoas realmente interessantes tivessem dois defeitos, o primeiro é que não se
interessam por mim, (acho que nem eu me interessaria por mim), e o segundo é
que já tem alguém e dai realmente complica mais ainda toda essa questão, sendo
assim escolhi não me apaixonar, escolhi tentar não sentir no coração esse
formigamento, me recolher a mim ao meu mundo, daí inesperadamente o mais improvável
acontece, e cai por terra todas as minhas teorias, mas no final apenas tenho
que aprender mais uma forma de me guardar e de esquivar (mesmo não querendo)
dessa nova ideia, tão maluca tão surreal, mas de certo que algo é mais que
fatal, não comandamos certos acontecimentos, sentimentos, envolvimentos, apenas
ainda não sabemos como lidar com as consequências, mas aprendemos. Mesmo com a
dureza das consequências, quando ainda temos a fatídica consciência do respeito
ao próximo, de que esse ato de gostar nem sempre envolve apenas dois, porem o
pior é saber que mesmo com essa consciência não conseguimos ver erros, a mim não
vem culpa, apenas o medo da consequência...
É realmente, agora entendo quando dizem que não gosto de me apaixonar,
não por mim, mas porque sempre alguém sai ferido, e eu prefiro me ver sangrar, a
alguém sofrer, mas dessa vez acho que não consegui evitar, e dessa vez é tudo
tão surreal, e inesperado, estranho e agradável, não sei, hoje eu não sei o que
pensar...
A vida faz a gente crescer ou até mesmo voltar a ser criança.
A graça de tudo isso eh achar o meio termo.
É ser a adulta que todos esperam
Tendo o olhar e a graça da criança que nunca precisa crescer.
E saber separar e juntar, na hora certa ou na hora inserta.
Pois nem tudo programado tem graça.
E por mais que doa o tempo, por mais que ele castigue,
Preciso te lembrar que tudo muda,
E tudo vai mudar!
Você tem que aprender a mudar, mas não precisa necessariamente.
Torna-se pó, ter um coração de pedra.
Ou esquecer a importância do banho de chuva na volta da escola
Ou a força que não precisávamos fazer para empinar uma pipa
Nas tardes de verão da praça velha na rua de traz da casa de nossa
avó.
Parece que quando vamos ‘crescendo’ trocamos a preocupação de onde
íamos buscar giz ou tijolo para riscar o chão e começar a amarelinha.
Lembro-me como se fosse ontem quando chegava em casa com os pés cheios
de lama, e mamãe dizia ‘Arrodeia pra não sujar a casa, vai pelo quintal”, e
sempre que chegava achava uma forma de me sujar mais ainda... como no dia que
não tinha muito o que fazer e fui brincar de pescar perto do rio na segunda rua
e não sabendo me aproximei da agua era um mangue e eu afundei nele, nem preciso
lhe dizer como cheguei em casa, e principalmente não vou contar a reação de
mamãe.
Sabe eu cresci, comecei a ter responsabilidades, mas não perdi isso,
sempre que chegava na casa de minha mãe e ela estava na cozinha ia por traz e
levantava ela na beira do fogão ou da pia e ela batia em mim “menina você vai me derrubar, olha meu ossos”
e eu respondia “como vou ver seus ossos mãe?” e caímos na risada.
Meus amigos sabem como eu sou, sou moleca mesmo de brincar me sujar,
de chamar a garotada da rua da casa da minha irmã pra jogar queimado, e lembro
bem, no fim estávamos nós os ‘velhos’ jogando todos juntos esquecíamos a idade,
lembro que numa dessas uma amiga de infância ia passando e estava de salto alto
toda arrumada vinha do trabalho... Passou por nós e paramos não dissemos nada,
ela olhou pra gente riu e já tirou os sapatos jogou na calçada e veio ter
conosco e foi magico. Acabamos todos soados e cheirosamente fedorentos. E
conversamos pela madrugada adentro sim tudo bem no outro dia ninguém mais lembrava
aquele momento tudo voltou ao ‘normal’, não, não acho, acho que no outro dia
todos nós acordamos com mais força para seguirem ‘crescendo’.
Pois crescer não quer dizer endurecer, ou perder o brilho, crescer é
mais uma etapa, quem seriamos nós se não tivéssemos ao nosso lado o poder do
choro para fazer-nos lembrar de quem somos. Temos sempre que evoluir aceitar as
diferenças e respeitar o próximo, se não gosto de você não tenho que te
diminuir, segue teu caminho e eu o meu o tempo vai nos ajustar da melhor
forma...
Daí na nossa adolescência quando vem a fase das paixões, nos tornamos
sérios queremos passar isso, seriedade, muitas vezes é nesse momento que
esquecemos que talvez nosso ‘amor’ tenha se aproximado não pela seriedade mas
pela espontaneidade de nosso sorriso, não, não acredito no amor que se aproxima
por sensualidade, não chamo de amor, chamo de paixão e claro tem que ser vivida
é deliciosa, mas não é amor, amor vem do riso, da leveza, das palavras, da
intensidade do coração batendo.
Daí o tempo passa e às vezes você esquece essas coisas tão simples,
mas que podem sempre fazer a diferença entre dois anos de namoro, e uma vida de
felicidade continua, e algumas pessoas estão esquecendo isso.
Outro dia assisti a um vídeo de um casal se trollando ao acordar eu ri
muito, e o casal também, pensei, poxa eles sempre vão ter historias pra contar,
claro que deve ter dias que eles acordam sérios ou simples, e me perguntei,
será que o casal que acorda na rotina na mesmice na seriedade, vai durar tanto
quando esse outro? E se durar seria por amor? Ou apenas é cômodo do jeito que
tá.
Isso é pra se refletir, mas já fugi do que queria falar...
Cresça, isso é inevitável, mas não deixe seu coração envelhecer, isso
seria Fatal.
Sorria todo dia nem que seja na frente do espelho de si mesmo ou de
seu cabelo ao acordar,
Pois sorrir mantem o coração jovem, mesmo que em algum momento
tenhamos que chorar.
