A verdade é que você me encanta, de uma forma que não pensei que poderia me encantar outra vez,
A verdade é que a cada dia que passa percebo, que isso vai ficar apenas
na minha lembrança e vontade, mas não posso sufocar isso, como se fosse algo
não sentido, então preciso dizer, contar, revelar...
Teus olhos me prendem, quando por alguns segundos cruzam com os meus,
e talvez por medo eu desvie o olhar, medo de não mais saber ficar sem te ver,
mesmo sendo a única coisa que possa realmente fazer, te ver!
Teu jeito chama a minha atenção e esse mistério que você hora
sustenta, hora suspende, me fazem pensar e pesar essa vontade de te sentir
perto.
E quando perto estou, que sinto teu cheiro exalar, por segundos é como
se tua pele na minha tocasse e o mundo mudasse e por um momento ínfimo a vida eu
voltasse.
Então acordo e a realidade vem como um balde de gelo lançado em pleno
inverno sobre mim, me mostrando que só posso sentir: a vontade, o desejo... E
por isso pago o preço de então guarda-los, em mim, como o segredo mais contido.
E que disso não passará, disso não poderá passar.
A verdade é que deste que te vi, meu olhar tem dificuldade de desviar
de ti, e quando ris, é como o brilho do sol em plena noite, não sei teus
segredos, tuas alegrias, tuas magoas ou tuas dores, sei que da vida levas
alguns dessabores, mas teu riso quando tido, transborda pra mim a mais bela
luz.
É nua tua alma quando se permites e logo te trancas em teu mundo, sem
fenda à vista, de forma a fazer de todo esse mistério mais sabor para essa
vontade, que me invade de saber quem és. Me dói conter essa vontade do saber.
E mais uma vez vem a realidade, e me pergunto, o que estou a fazer?
A verdade é que existem correntes, muros, barreiras e outras mil coisas...
Como eu disse ao acordar desse ínfimo segundo de vida, a realidade me
faz lembrar minhas responsabilidades assumidas, e por mais que o desejo a cada
dia cresça, eu não poderia ser leviana, e te enganar, não, eu não faria isso,
não é de mim.
Dentre outras coisas, esse é apenas o meu lado da história, não sei de
ti o que vem, talvez, no meio disso tudo apenas eu tenha fantasiado, no meio
disso tudo apenas me iludido, se for assim então, não ri de mim, afinal apenas
deverei ser mais um ninguém, um avesso, um detalhe mal interpretado, um bardo
engando pela história que minha mente criou.
Afinal tu mesmo já o disseste, que apenas observas, juntas as
informações e segue as tuas intuições e depois deves tirar as tuas conclusões.
Deixo claro que eu quis e quero, quem sabe um dia ter a conversa outrora
citada, mas toda vez que tento propor tal ato, sinto uma escusa, uma recusa, aliás de mim tudo recusas, e
até entendo, mas então estou começando a levar isso como uma resposta, mas
posso estar mais uma vez errada.
Então como uma forma de não enlouquecer com tantos sentimentos aflorando,
me sufocando estou do jeito como sei, já com você ‘versando’.
17/03/2020
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