... Outra vez ilusão

... Outra vez ilusão

Porque pensar assim?

Eu sei que não há chance!

De ser real.

Mais uma vez caindo.

Esse meu terrível hábito

De querer o impossível

Não entendo, porque não consigo aprender

Parece que gosto de sentir essa dor

Amarga, e irresistível, da paixão.

Eu quero tempo, para admirar esse momento.

Afinal só posso admirar...

Essa dor que mata aos poucos

Essa dor essencial, de desejar, o irreal.

É como alcançar o céu sem passar pelas sombras

É como tocar um raio do sol e sobreviver...

Nesse céu não posso ir, só imaginar.

E o que faço?!

Todo o querer, essa dor que volta.

Cada vez que ela vem me mata mais...

E uma apenas uma vez eu queria à deixar ficar.

Ela vem e me arranca o ar,

Quebra meus braços, e vai embora,

Deixando meu coração em mil pedaços

Faz-me colar os cacos. Estou cansando!

A qualquer momento irei desistir

Desse longo caminho, que me arrasa o coração.

Que me deixa sem chão,

Esse sentimento que tenho que esconder. (ou escrever)

Tão mais cômodo, a fantasia ilusória da solidão

Ela te deixa de uma forma ludicamente feliz,

O coração não sente, não grita, não dói,

Até sorri, ironicamente falso, mas sorri.

Mas não posso negar,

Nesse pequeno momento é que me sinto

Realmente viva, por um segundo único

Me sinto real, sim no momento

Que sinto a vontade do impossível

Faz sentido o ar que respiro

O toque que na pele sinto.

Eu até entendo, que tenha que ser assim

Apenas mais uma ilusão.

Afinal quem iria notar a insignificância

De uma existência tão ínfima.

Um grão no meio de um deserto.

Um deserto de mim, quem iria notar

O grito de um coração tão torto.

Que de tão cheio. Torna-se oco.

Da muita dor que sente em tempo tão pouco.

Grita o peito, por dentro dói tudo

Um coração tão aflito, um pequeno moinho

Meu coração, que dói mais uma vez sozinho

Ilusão, doce, amarga, desejada, ilusão

Geane Carmo

27.08.2010